31 de maio de 2016

IV Trail da Pampilhosa da Serra


Já não preciso dizer mais nada, pois não?

Tem trail, tem paisagens lindíssimas, tem a natureza no seu esplendor, tem banho no rio Unhais, tem (paletes de grades de) mines frescas, tem porco assado, tem arroz de feijão, tem grupos de danças e cantares, tem os bolos que a malta do norte costuma trazer (aqueles que nos roubam sempre o caneco!!)...

...Tem gentes da terra, pá!! Basta isso!!



Mais um ano, mais uma edição em que vou desafiar os meus amigos a correr pela SPEM!

Está tudo aqui para tratar das inscrições.

25 de maio de 2016

Material obrigatório no trail

- Autor: Miguel Catarino -

E o apito? E as calças impermeáveis com o sol que se prevê? E a t-shirt de manga comprida? E a lanterna? E...
Preciso mesmo?
Tanta pergunta!
O que me assusta é que quem faz estas perguntas, não tem noção absolutamente nenhuma do que é a montanha. Ou se tem, tem muito pouca.
O pior é que são cada vez mais a questionar e isso assusta-me. O Trail está a crescer e muitas pessoas passam de correr na marginal para ir correr para a montanha sem terem noção que quando as coisas na montanha correm mal, é tudo muito pior.
O material obrigatório devia chamar-se: Material que eu vou precisar se me perder na montanha e tiver de pernoitar por lá, material que vou precisar se partir um pé e tiver de ficar horas à espera de um resgate, material que tenho de ter para se as condições climatéricas mudarem drasticamente conseguir sobreviver.
Normalmente as coisas correm bem e tudo acaba bem e as pessoas perguntam o porquê de ter carregado tanta "tralha" para nada. Pois é. O pior é quando corre mal!
Tenho imensas histórias na montanha, mas conto uma muito simples.
Num TrailCamp, saímos do Rossim com muito bom tempo. Sorridentes, subimos pelo vale glaciar a caminho da Torre. Ao chegar lá acima, as condições mudam drasticamente e de repente parecia que estávamos no inferno.
Ventos fortíssimos, muito frio e visibilidade reduzidíssima. Todos começamos o dia descapotáveis e todos tivemos de utilizar o que tínhamos na mochila (o tal material pesado e chato que incomodou na parte que estava sol). Foi o impermeável, as calças, o gorro, as luvas,...
A navegação até ao Rossim, pelo maciço central, foi feita por gps. Não se via mariolas, nem trilho, nem nada.
Se fosse durante uma prova, ou as marcações estavam de 2 em 2 metros, ou metade da malta ia-se perder.
Perder? Ok...qual é o stress?
É mesmo muito! Só quem já passou por isso é que sabe.
Lembrem-se que caminhos para Norte existem milhares, mas muitos passam em precipícios!
A melhor decisão é parar e esperar que a situação melhore.(caso não tenham gps)
Parar implica arrefecer muito, e em condições severas todo o material vai ser pouco.
Pode acontecer o mesmo à espera de um resgate. (lembro-me de um tipo no CCC que depois de torcer um pé, quase morria de hipotermia à espera que o socorressem, mesmo embrulhado na manta térmica. Valeu alguns atletas q o auxiliaram)
No meio da montanha um resgate demora horas! Horas!
O que eu acho que devia ser boa prática, pode parecer utópico, mas fica o conselho:
- Antes de se aventurarem em provas de trail, todos deviam fazer um curso de montanhismo, ou vir a um dos nossos TrailCamps.
Tenho a certeza que as perguntas do material obrigatório e os porquês acabavam.
- Estudar muito bem o sítio para onde se vai correr é obrigatório. Saber ler cartas militares, perceber a geografia do terreno que vamos pisar, permite-nos estar mais à vontade. Responder a perguntas simples como por exemplo: Quando estiver a correr em direção à torre no planalto central, é suposto o sol estar onde? Na minha esquerda, de frente, da direita? Vou cruzar linhas de água? Quantas? Etc.
- Levar sempre, repito, sempre, um gps. Se não for com o track da prova inserido( o que aconselho caso até tenham dúvidas na marcação) pelo menos que grave o track que estão a fazer. A função trackback já me safou muitas vezes!
- Caso possam (é um bocado caro) levem convosco um Spot. Eu quando vou sozinho, considero-o o meu melhor amigo. ( o spot é um aparelho que permite pedir socorro e localizarem-te em locais onde não podes utilizar o telemóvel)
Perceber que a montanha é um local fantástico, mas que de repente pode ser a nossa última morada, é ser sensato.
A montanha tem riscos. Temos é de ter consciência deles e tentar minimizá-los.
Havia muito mais a dizer. Eu já passei por muitas situações de risco e continuo a aprender. Tenho tido tb alguma sorte nesta aprendizagem.
Não sou nenhum anjinho!

Espero que este post (para os q tiverem pachorra de ler tanto) permita as pessoas que tanto perguntam, pararem para refletir um bocadinho. Se no final disserem que faz sentido, fico contente.

(Não retiro uma vírgula.)

9 de maio de 2016

Próxima paragem: OCC


Acabou-se o período de recuperação MIUT e esta semana inicia-se a preparação para a OCC. Tive apenas duas semanas para respirar do alívio que é viver espartilhada entre família, trabalho e plano de treinos. Por vezes falta-me o ar.

Já aqui me queixei algumas vezes do quão difícil é, por vezes, fazer esta gestão. Mas o desafio de ter uma vida preenchida e ativa passa também por isso: por ajustar as nossas tarefas e responsabilidades diárias à vontade de querer correr.

Nestas duas semanas de ronha (chamemos-lhe assim!) aproveitei para fazer alguns disparates gastronómicos. Matei saudades de umas quantas porcarias que gosto de comer (e beber!) e que em momentos de preparação para um desafio tento evitar.

Nos finais de agosto voltarei àquela que é considerada a Meca do trail mundial para voltar a fazer a prova que, até hoje, mais significado teve para mim. Porque foi a minha primeira ultra, porque foi logo em Chamonix num ambiente absolutamente fascinante, porque me senti mesmo desafiada, porque estava nervosa, porque não sabia MESMO se iria conseguir. Nesse ano tive sempre ao meu lado o Paulo Soares que claramente decidiu acompanhar-me (ainda hoje desconfio que foi a mulher dele que o obrigou!). Ter alguém que vai ao nosso ritmo, que corre quando nós corremos, que anda quando nós andamos, que vai calado quando nós não falamos… Ajuda muito.

Outro fator que na altura também ajudou foi a meteorologia. Estava um dia magnífico. Não estava sequer frio, nem nas cotas mais altas, estava calor, sol, um dia lindo.

Às vezes tenho a sensação que este ano tudo pode ser diferente, para pior. Irei sozinha e pode estar um tempo agreste. Por outro lado, o facto do Paul Michel não ir fazer prova nenhuma (vai aproveitar a estadia e vai treinar) pode ser um ponto a meu favor. Diz que vai fazer a minha prova ao contrário (da meta em Chamonix rumo à partida) e vai ao meu encontro e que depois regressa comigo.

Avizinha-se um período de treino mais intenso, portanto. O treino para a OCC vai ser mais duro que o treino para o MIUT. A primeira é muito mais exigente, tanto em quilómetros mas sobretudo em desnível positivo: que é o triplo. Em Agosto esperam-me 3300m D+. Lembro-me bem das subidas intermináveis. Lembro-me de subir várias horas. Devagar, mas durante muito tempo.


Resta-me dar o meu melhor em treino para que possa desfrutar o mais possível em prova. É esse o meu grande objetivo. E, claro, se conseguir baixar das 12h39m30s também me fazia sorrir mais um bocadinho.