26 de junho de 2013

A temperatura aumenta a roupa diminui

Constatação da semana: 80% da comunidade corredora masculina corre em tronco nú.

Não acho bem, tenho a dizer. Haja algum decoro.

Desde que a temperatua subiu que a roupa escasseia por essas estradas e caminhos pedestres. Esta semana foi um desassossego. Há homens com muita saúde a correr por aí.

Mas vejamos. Não vejo com bons olhos (esta agora até teve graça... Ai, vejo, vejo) o facto de um homem correr em tronco nú em zonas onde não andam apenas pessoas a correr. E que andassem! Mesmo que só andassem pessoas a correr, acho que um homem deve correr sempre de t-shirt.

Incomoda-me ver músculos a abanar, incomoda-me ver os pêlos do peito na direcção do vento, incomoda-me ver um peito 100% depilado e a reluzir de tanto suor que escorre por ali abaixo. Incomoda-me, pronto! Dá para porem um trapinho por cima?

Correr em tronco nú só na praia. Na cidade não. Não fica bem. Ouviram? Troncos nús só na praia ou em algum blogue que fale sobre este assunto, ok?


 
 Para as corredoras da idade da minha avó.
 
 
 Para as corredoras da idade da minha mãe
 
 
 

 Para as corredoras da minha idade
 
 
 Para as corredoras da idade da minha filha (não sei o que é que as miúdas veêm neste cachopo, sinceramente...)
 
 

 Para todas nós...

20 de junho de 2013

Obrigada Pedro.

Já tive oportunidade de fazer o meu primeiro agradecimento público a uma das pessoas que foi e é determinante na minha vida de corredora. O "meu" Mister.

Segue-se agora outra pessoa que foi determinante na minha vida de "relatadeira" de corridas. A pessoa que me ajudou na construção do blogue. Que sofreu horrores com as minhas exigências, pedidos, incertezas e sei-lá-mais-o-quê.

Já aqui disse que sou sempre grata a quem me ajuda e, por vezes, essa ajuda vem de quem não esperamos. Eu e ele não somos amigos de infância, não tínhamos por hábito o convívio frequente, apenas nos encontrávamos uma vez por ano nas festas do meu querido mês de Agosto.

Quando nos víamos trocávamos os habituais: "então, tudo bem? Que é que tens feito? Estás onde? E férias, onde tens ido?" E por aí fora até ao "bom, já nos vemos por aí..." Esta cena repetia-se religiosamente todos os anos.

Até ao dia em que lhe digo: "Pedro, preciso da tua ajuda!"

Este blogue totalizou uma troca de 152 emails entre ambos. Algumas asneiras e insultos à mistura. Algum gozo da parte dele com o meu gosto "duvidoso". Teve a lata de dizer-me o seguinte, depois de lhe ter enviado uma proposta de cor para o blogue: "já vi sites de galdérias iguazinhos a isso". Note-se que a minha proposta era apenas um fundo rosa fucsia com dourado. A verdade é que ele teve sempre razão.

Do Pedro só se pode ter duas opiniões: ou se gosta ou não. Do Pedro ninguém gosta assim-assim. Tal como o Pedro não gosta de nada nem ninguém assim-assim. Detesta o óbvio, o normal, a regra, as coisinhas muito coisinhas... Tem fobia a isso. O Pedro gosta de música que poucos ouvem, prova vinhos que poucos conhecem, viaja para sítios que não estão nos roteiros turísticos.

Tem alergia a encontros com multidões em sítios da moda. Não lhe peçam para ir jantar ao Bairro Alto, àquele restaurante que abriu a semana passada! E que tem aquele prato fabuloso de 'Galinha em Molho Cremoso de Tomate Amanteigado e Confitada com Ervas do Campo em cama de Alecrim e Batata Flambé'. É vê-lo fugir!

Para o Pedro, bom, bom é O Cortador na Terrugem. Diz que tem o melhor prego do mundo e arredores! Ou então o Magano em Campo de Ourique: cozido de grão à alentejana, sopa de tomate com garoupa e ovo escalfado, pézinhos de leitão de coentrada...

O Pedro é um designer com muita pinta! Podem dar uma espreitadela para verem a qualidade do menino. Por outro lado, também é cá dos nossos, quer dizer, mais ou menos, porque a onda dele é... Ondas, à séria! Vejam.

O Pedro é um apaixonado por ondas como eu sou por correr. Mas ele consegue ser ainda mais chato a falar do mar do que eu a falar de corridas. Quando ele fala de ondas canso-me mais só de o ouvir do que se tivesse feito 20km.

Temos coisas em comum? Poucas, mas boas: vinhos, comida da boa, amizades fortes e Pampilhosa da Serra.

O que nos diferencia mais? A atitude...

O Pedro tem imensos defeitos, mas tem uma qualidade única e exclusiva e que eu aprecio muito: tem um coração genuíno. E isso é coisa muita gente cheia de virtudes não tem! Conheço várias...

Tem ainda uma outra "coisa" que gosto muito e que contribui para ele ser o homem que é: tem a Babe.



Bem haja, Pedro Antunes, designer, surfista e meu amigo!

Gosto de ti... Às vezes... :)

Não esquecer o trail que inspira natureza!


Se não for pelo trail ao menos que seja pelo churrasco convívio no final ou para ouvir essa grande promessa (ou não!) do panorama musical português: David Carreira.

Boas corridas!

18 de junho de 2013

Ir de férias a correr e a sonhar

Aproveitando a boleia dos meus sonhos... E agora que as férias estão aí e a malta está cheia de dinheiro para gastar em viagens aqui fica a sugestão para quem quer aproveitar o período de descanso para dar umas valentes corridas.

Este site: The Active Times elege as doze cidades mais interessantes para correr. Adivinhem qual é que lá está a representar as nossas cores? LISBOA! E depois temos ainda:


Barcelona
Paris
Toronto
Chicago
Nova Iorque
Sidney
Roma
Los Angeles
Amesterdão
Boston
Londres

Se associarem a isto as "doze corridas que devemos fazer antes de morrer"... Eu diria que seriam as férias perfeitas! No meu caso, já morria feliz se fizesse uma delas.

Confiram as eleitas. Há aqui duas ou três que me tiram o fôlego...

Reykjavik Marathon—Iceland
(Não era aqui que me perdia...)



Patagonia International Marathon—Chile
(Não sei...)


Florence Marathon—Italy
(Diz que no final da prova dão vinho e gelados. A considerar uma participação muito em breve!)


Northwest Passage Marathon—Arctic Canada
(Pela diferença: pelos ursos polares, pelas raposas árcticas, pelos trilhos com icebergs...)


Safaricom Marathon—Kenya
(Antílopes, elefantes, leões e eu com a minha running skirt padrão leopardo! Não corras, não!)


 Mesa Falls Marathon—Ashton, Idaho
(Passo.)

 Emerald Nuts Midnight Run—Central Park, New York
(Para um réveillon inesquecível. Esta prova começa dia 31 de Dezembro às doze badaladas!)

 Great Wall Marathon—China
(5.164 degraus até lá acima!)

 Yoma Yangon International Marathon—Myanmar
(Não sei...)

 Tokyo Marathon—Japan
(Japão, aquele império. É tudo à grande: esta prova conta com 40.000 participantes)

 Australian Outback Marathon—Australia
(Cangurus, rochedos gigantes, estradas de terra vermelha... Sim, sim, Austrália!)

 Honolulu Marathon—Honolulu, Hawaii
(Mas qual é a dúvida?)

 Boas férias! Porque sonhar não é caro!

17 de junho de 2013

Marginal (que começou de dia até) à Noite

No dia 5 de Abril lancei o desafio a alguns amigos para participarem na Marginal à Noite. Doze aceitaram o desafio. Ou seja, eu e mais doze. Diz que o número 13 dá azar! Diz...

A representação RUN BABY RUN estava assim assegurada por treze ilustres caminhantes e corredores. O meu objectivo, ao convidar estas e outras pessoas (que entretanto declinaram o convite) era tentar mostrar, sobretudo aos "caloiros" o que é isto de andar a correr e participar em provas. Quem me conhece ouve-me falar com paixão sobre isto, mas nada como viver in loco uma experiência destas. Achei, na altura, que a Marginal à Noite era a praxe ideal! E não me enganei...

Para começar os meus parabéns à organização da prova. Vê-se que é uma prova em que a organização dá tudo. Tudo a que se pode ter direito numa prova deste género, na Marginal à Noite temos! Isso e muito mais!

Temos organização, temos abastecimentos, temos música, temos cor, temos luz, temos massagens, temos mar, temos fogo de artifício, temos estrelas, temos atletas à séria, temos atletas a brincar, temos crianças, temos idosos, temos TUDO! E que bom foi ver tudo isto ali misturado!

Em segundo lugar palavras de agradecimento:
  • A quem me acompanha sempre: Paul Michel e Babe.
  • A quem vai continuar a acompanhar-me: Isabel e James.
  • A quem vai começar a fazer disto vida: Sofia e Luís.
  • A quem... Vá, lá, miúdas deixem-se de tretas e acordem p'ra vida, ok? Joana, Teresinha e Anita?
(Estas três se não começarem a correr nos próximos dois meses passo ao Plano B: "Pareces-me mais gorda"; "Esse biquini não te está apertado?"; "Ó darling, há um creme para a celulite na farmácia que faz milagres, acho que devias comprá-lo....")


Ora bem, não vou fazer a descrição da minha prova. Hoje apetece-me partilhar algo diferente. Os meus sonhos... Não são eles que comandam a vida?

Sobre a minha prova é muito simples:
  • Correu bem.
  • Fiz um ritmo confortável para mim.
  • Acusei algum cansaço, dos treinos da semana, a partir do 4ºkm.
  • Fiz 47m57s. 
  • Portei-me bem.
  • Pronto. Está dito. Siga.
 
 Ana, Sofia, eu, Isabel, Paul Michel, Teresa, Babe, Luís

 
 Eu e Joana
 


 Espelho meu, espelho meu, há alguém mais colorido do que eu?
 
 
Babe completamente baralhada. Isabel ao comando.

 
 Paul Michel, eu, Babe e James (Calma, James, são só 8km!!)


 O ambiente


 Ainda deu tempo para um pézinho de dança (foto tremida por causa dos nervos!)


Agora passemos ao que (me) interessa. No meio de milhares de pessoas que corriam ou andavam por aquela Marginal fora eu consegui sentir-me sozinha. É verdade.

Fiz efectivamente a prova sozinha. Assim que deram o sinal de partida e passados escassos metros perdi-me de toda a gente, ao ponto de nem sequer ter noção de quem estava para trás e de quem estava para a frente. Na altura isso deixou-me triste. Afinal, desta vez somos tantos e vou correr sozinha. Mas sozinha? Está aqui tanta gente? Foi das provas em que me senti mais desamparada, acreditem...



Corri por ali fora sem medo do escuro, na tentativa de apanhar alguém conhecido. Empurraram-me... Disseram "com licença"... Disseram "cuidado com o cão"... Tenho que me distrair. A minha playlist não estava a ser suficiente.

Rapidamente transformei aquela solidão em sonhos. E que sonhos? Se me ponho aqui a sonhar desconcentro-me da corrida, esqueço-me de monitorizar os batimentos cardíacos, distraio-me com o percurso e os quilómetros... Não, é melhor não. Concentra-te, miúda! Vá... Para fazeres um bom tempo.

Que se lixe o bom tempo! Já não basta ir aqui tipo cão abandonado ainda agora tenho que me preocupar com a porcaria do tempo.

Fiz a prova a sonhar...

Sonhei que estava fazer a Marathon des Sables (eheheheh), sonhei que estava a fazer os Trilhos da Serra D'Arga, sonhei que estava a fazer a meia-maratona de Lisboa, sonhei que estava a fazer o 1º Trail da Pampilhosa da Serra, sonhei que estava a correr em Monsanto e de noite, sonhei que andava a correr em Peniche no meio do fogo...

Sonhei com tudo isto... E sonhava com muito mais, pudesse eu continuar naquela noite a correr sozinha no meio daquela multidão!

Obrigada Marginal! See you in 2014...

12 de junho de 2013

Fui a Monsanto e... Sobrevivi!


Passei por aqui só para dizer que estou viva. Mexo as pálpebras, muito devagarinho, os bracinhos também mexem... :)))) Brincadeira!

Duas coisas:

Em primeiro lugar, queria agradecer as palavras de elogio e motivação que tiveram a simpatia de deixar. Ontem foi para mim um dia a reter. Foi um marco importante na minha vida. Foi mesmo. E vocês percebem isso...

Em segundo lugar, dizer que hoje fiz um treino de recuperação. Fiz apenas 5km bastante penosos, por sinal. A sensação que tinha nas pernas era uma espécie de dor aguda, como se fossem picadas. Alguns de vós devem saber do que falo.

Independentemente disso lá corri 5km muito devagarinho. Valeu a vista e o enquadramento. Desta vez... O mar.

(Hoje nem disposição tive para tirar fotos. Desculpem...)

Alguém tem alguma 'mézinha' para estas dores pós-treinos longos que queira partilhar?

Boas corridas!

11 de junho de 2013

Monsanto é liiiiiiiiiiiiiiiiiiindo...


Quando acordei de manhã nem sequer fazia ideia do que me esperava. Ainda estou sem palavras. E (talvez) sem pernas...

Passo já à fase final: hoje fiz 27km.

Pronto, já disse. Agora, e durante as próximas seis linhas, que deve ser o máximo que aguento a teclar, porque até os dedos das mãos me estão a doer, vou contar-vos como foi.

Monsanto era há muito um destino a considerar. Hoje foi o dia. Pelas 9h já lá estávamos, eu e o Paul Michel. Queríamos fazer um 'longão'.

Um de mochila às costas (sim, porque agora anda a treinar de mochila às costas), outra com o cinto da Salomon que leva duas garrafinhas miseráveis (200ml cada, esqueçam, não dá para nada, nem para molhar o bico) e no bolso minúsculo apenas podemos guardar um lip gloss e um telemóvel. A chave do carro essa já não cabia, teve que ir para o bolso dos meus calções.


É este. Como podem ver o bolso é mínimo e as garrafinhas são pequenas. Uma nota positiva: não me causou nenhuma assadura nem incomódo. Ia bem justo à cintura, mas nem por isso incomodou.
 

Siga por ali acima. Levávamos um mapa porque queríamos fazer o reconhecimento do percurso da Lisbon EcoMarathon que se vai realizar no próximo dia 6 de Julho. Apenas a parte do percurso de Monsanto.

 Mesmo com mapa ainda nos enganámos umas quantas vezes. Nenhum de nós foi escuteiro.
Estamos desculpados, portanto.

Quem treina em Monsanto já deve estar a ver o filme. Os senhores da organização tiveram o cuidado de traçar um percurso p'ra lá de espectacular: os primeiros dois quilómetros são sempre a subir mas a pique! Sim, leram bem, os primeiros dois quilómetros, são a subir, mas a subir!!! Desde o Palácio da Fronteira até ao Estabelecimento Prisional. Bom, eu diria que aqui fica logo separado o trigo do joio.

Estes foram os quilómetros que fizemos a caminhar. Se o objectivo era fazer um treino o mais longo possível teria que me poupar ao máximo. E aquela subida, com fraco aquecimento, como era o caso, custar-me-ia muito caro. E revelou-se uma excelente decisão. Acabámos por fazer os 27km em 3h32m. Várias paragens pelo meio, eu arriscava um total de 15 ou 20 minutos em paragens para conferir o mapa, beber água, comer uma barrita, fazer xixi...

Foi um excelente treino! E Monsanto é qualquer coisa...

 O caminho.


 Paul Michel Perdido da Silva.


E mais uma vez um treino em que no final me senti fisicamente bem. Obviamente muito cansada, desta vez. Sem dúvida. Mas é aquela fadiga que é fruto de um treino muito mais puxado que o habitual. De vez em quando faz bem e deve ser feito, sobretudo se tivermos alguém que "aperte" connosco.

Que tal arriscar, esta semana, e fazer "aquele" treino com mais 5 ou 10km do habitual, hein? Imprimam um ritmo mais moderado e continuem mais um pouco, vá...

Boas corridas!

10 de junho de 2013

Corridas da nossa terra


O dia não começou cedo, mas também não era preciso. O sol que teima em não aparecer não nos obrigou a sair cedo da cama. Eram já perto das 11h quando a Babe me toca a porta. "Está no ir?"

O percurso já era por nós conhecido, já o tínhamos feito a caminhar no ano passado com outros amigos. Desta vez, vamos fazê-lo a correr. São aproximadamente 7km sempre no sobe e desce. 

Foi um treino num local privilegiado, como podem ver nas imagens, como tantos outros que há no nosso país, mas a verdade é que aqui, para nós, tem um sabor especial.

Este tipo de treino é muito diferente daquele a que estou habituada. Para começar não se vê viv'alma. Somos só nós e a natureza. Mas o que mais me emociona são os cheiros. Cheira a verde! Mas é um cheiro diferente daquele que sentimos, por exemplo, quando corremos no Jamor ou em Monsanto. Não é a mesma coisa, desculpem... É diferente... Este verde, este cheiro é diferente.

E essa diferença fez com que este treino, apesar de ter sido feito com uma companhia habitual, tivesse sido muito diferente.

Quando terminámos os nossos quase 7km disse à Babe: em Agosto, no 1º Trail da Pampilhosa da Serra, só temos que fazer mais 12km.


 
 
 A opção por t-shirts azul-céu era para espantar os javalis.
Não há nada que se coma que seja azul, certo?


Boas corridas!

5 de junho de 2013

Mas como é que começaste a correr?

Às vezes, algumas amigas, perguntam-me: mas como é que começaste a correr? Não vou fazer aqui uma espécie de Manual do Iniciado, mas há dicas e conselhos que posso, e devo, partilhar e que podem ser úteis. 

Qualquer pessoa que se queira iniciar numa actividade física deve saber se está em condições para tal. Nada como ir a um médico fazer aquela consulta de rotina que há dez anos não fazemos e aproveitar para dizer ao doutor: “Preciso de ajuda, queria começar a correr”. Não vai acontecer nada de especial, o Sr. Doutor vai passar-vos alguns exames/análises de rotina para depois vos dizer: "está tudo bem! Siga!"

Dar início à prática de corrida, caso não seja realizada da maneira correta, pode não ter como consequência o desejado. A corrida é uma prática de impacto, portanto atenção à coluna, joelhos e articulações. Quem tenha problemas destes tem mesmo que ir ao médico e avaliar se a corrida é o mais indicado. Possivelmente não.

Depois surgem as dúvidas, sobretudo entre as mulheres. Tenho forma de conciliar a minha vida familiar e profissional com a minha (nova) vida desportiva? TENHO! Aqui começam a surgir as desculpas: vou a que horas? De manhã não dá tempo e está frio. Ao fim do dia saio tarde e está vento. Na hora de almoço não dá jeito porque depois não tenho tempo para lavar e secar o cabelo.

Ora bem, para começar é preciso muita força de vontade e alterar alguma rotina diária. Nesta fase inicial é preciso ser mesmo disciplinada. Só nos podemos dar ao luxo de “saltar” um treino quando a corrida já é um vício. Se no início começamos a falhar… Acabamos por desistir. Imponham uma rotina semanal. Para começar três vezes por semana, por exemplo. Eu fiz assim: terças, quintas e depois ou sábado ou domingo (dependendo dos compromissos familiares).

A melhor altura do ano para começar este “programa de iniciados” é a primavera. Se começam no outono/inverno à primeira chuvada ou vendaval desistem. Além disso, na primavera os parques, ruas estão repletos de pessoas a correr, caminhar… É mais motivador. Vão olhar para elas e vão identificar-se com esse estilo de vida saudável.

Outra coisa que recomendo é, para quem nunca correu, não comece logo a correr. Sugiro, tal como fiz, caminhada rápida. Isto ajudará a aquecer as vossas articulações, tendões, músculos. A pouco e pouco vão sentir o corpo a pedir mais: ou mais tempo de caminhada ou mais rápido. Após alguns meses as minhas caminhadas chegaram a durar duas horas! Mas 40 minutos já é muito bom para começar. Assim, fazem uma adaptação progressiva e sem traumas. Se começam logo a correr no dia a seguir não se levantam da cama. E desistem! Porque tem dói-dói…

Mais tarde, e para dar resposta ao "o corpo está a pedir mais" comecei a intercalar a caminhada com a corrida. Por exemplo, caminhava cinco minutos, corria dois minutos e assim sucessivamente. Aos pouco fui invertendo a tendência: aumentei o tempo de corrida e diminuí o tempo de caminhada.

Até ao dia! Em que corri sem parar trinta minutos!! Nesse dia, confesso, senti-me uma corredora top! Já não sou uma papa-açorda, já corro, caraças! E por aí em diante...

Atenção: o nosso corpo dá-nos sinais e é preciso saber interpretá-los! Não sobrecarreguem o vosso corpo no início, nem em tempo nem em carga. O que é que eu quero dizer com isto: não é para correr uma hora nem para correr muito rápido, ao ponto de ficarem ofegantes! Respeitem o vosso corpo, evoluam gradualmente. DEVAGAR!

Aqui não há milagres, é como nas dietas! Não se tornam corredoras ou corredores em dois meses! Façam disto um estilo de vida e para a vida.
E se é para toda a vida, não há pressas porque todos temos uma vida longa! Saltar etapas pode significar lesões.
Além disso, quem quer atingir objectivos em pouco tempo vai dar-se mal. Porque aqui, repito, não há milagres: não vão conseguir atingi-los e depois acabam por desistir.

Aqui a regra é a da tartaruga: devagar devagarinho se chega muito longe! E vocês vão chegar lá!

Eu cheguei!

E para finalizar, há outros truques que ajudam. Já sabem, não é? Uns ténis novos, uma t-shirt a condizer, uma fitinha para o cabelo… Tudo factores motivacionais! Ah, a mim a música ajudou-me imenso. As longas caminhas, quando feitas sem companhia, podem tornar-se aborrecidas. Levem música.




Boas caminhadas!

4 de junho de 2013

Isto é que é estilo!


 Made in Corrida Wolkswagen


Estilo é...

...Ir trabalhar empoleirada nuns stilettos tigresse, com 10cm de salto alto, ostentando, com orgulho, as suas marcas de guerra!


Mãe - "Vês, filha, esta ferida foi na corrida Volkswagen. Levei umas meias mais curtas para não ficar marcada do sol e elas foram descaindo, descaindo até roçarem. De tal forma que me fizeram uma bolha que depois rebentou e ficou em carne viva!"

Filha -"oh, mãe, levavas as outras meias, as cor-de-rosa..."

Mãe -"Pois, mas a mãe já está farta de parecer uma zebra com tanta risca: é no meio da perna por causa do calção, é no tornozelo por causa das meias, é nos braços por causa das t-shirts..."

Como diria alguém: ou estás confortável ou estás com estilo!

Boas corridas e com meias acima do tornozelo!

3 de junho de 2013

Pela 2ª vez fui muito feliz na Autoeuropa!

Valha-me Deus! Não me lembro de fazer uma prova com tanto calor. Bem dizia o outro: a margem Sul é mesmo um deserto!

Mas se o calor nos castigou, a Volkswagen presenteou-nos com uma excelente organização desta prova. Ou melhor, mais do que prova, foi um evento ou tributo à prática do desporto.

Ouvi muito elogios às edições anteriores e por isso, mas não só, decidi fazer esta corrida. Em primeiro lugar é uma corrida invulgar, pois o facto de parte do percurso da prova atravessar parte de uma fábrica de automóveis não é todos os dias. Depois guardo com alguma nostalgia uma visita de estudo que fiz a esta fábrica nos tempos da faculdade.

Nessa altura, ainda me lembro, queria ser Directora de Recursos Humanos. E era ali mesmo que o queria ser, naquela unidade fabril que, naquela época, era o exemplo por excelência do método de gestão just in time.

Enfim, recordo com saudade esses tempos de faculdade e os sonhos que alimentei nessa altura... Alguns concretizei-os outros não. E, não. Não sou Directora de Recursos Humanos da Autoeuropa nem de nenhuma outra unidade fabril. Esse não concretizei. Adiante...

Voltando à prova. Foi duríssima! Aquilo parecia um inferno. Calor, calor, calor...

Vou contar-vos como foi. Quase tão rápido quanto eu corri! Sim, é verdade. O meu primeiro RP oficial nasceu aqui, na margem sul, na Autoeuropa. Antecipo já: de 01h07m na Corrida do Benfica, em Abril, consegui fazer aqui 01h01m. Toma! Já foste!

Devo e dedico este RP ao Paul Michel que foi um rebocador super-fofinho! Na véspera andou a "trilhar" com o Jean Charles. Fez 27km e, portanto, neste dia prometeu-me que me acompanhava porque nem sequer estava em condições para fazer uma prova para tempos. Prometeu e cumpriu! Ainda duvidei que o fizesse porque depois de iniciarmos uma prova começa o "bichinho" a morder e acabamos por acelerar. Pensei para mim: "ele vai deixar-me". Mas não deixou. Levou-me da partida até à meta, como um cavalheiro leva a sua dama. Só que os tempos mudaram: antigamente levavam as damas de charrete a um baile nos salões do Palácio... Agora não. Convidam-nas para correr e suar que nem lagostas e depois disto dão-nos um beijinho e dizem: "correste bem, pá! Bom ritmo! 'Tás quase lá!"

Tão romântico...

Adiante (outra vez). A nossa equipa hoje tinha um elemento novo, a Isabel. Os restantes eram os suspeitos do costume: eu, Babe e Paul Michel.

O ambiente que se fazia sentir era bastante animado. Desde logo se percebeu que o evento prometia. Alinhados na linha de partida lá seguimos. Antes disso, todos dizíamos uns aos outros: "eu cá vou ao meu ritmo, vocês sigam..."

Eu não queira largar o Paul Michel, mas o receio que ele me abandonasse pairou sempre sobre mim. Assim que arrancámos percebi que a Babe e a Isabel ficariam para trás. Pensei para mim: "agora aguenta-te, miúda. Ou acompanhas o ritmo dele ou ficas por tua conta". Segui sempre a um ritmo confortável para mim. Fiz alguns quilómetros abaixo dos seis minutos, o que para mim é um feito gigantesco. O gentleman lá me perguntava de vez em quando: "estás bem? Este ritmo está bom para ti?"

Seguimos fábrica fora e eis que surgem os primeiros apoiantes na zona de entrada da fábrica. A mim sabe-me sempre muito bem ter pessoas a aplaudir ou a dar um "força". E retribuo sempre com um "obrigada" ou outro aplauso. Não consigo ficar indiferente a estas pessoas. Passar por eles sem nada lhes dizer para mim é difícil.

Adiante (novamente). Fizemos dois, três, quatro quilómetros e o calor teimava em massacrar tudo e todos. O alcatrão fervia. Os meus pés também. O suor escorria-me pela face a já me ardiam os olhos.

Primeira quebra dá-se por volta dos quatro ou cinco quilómetros. Até aos seis quilómetros. Penoso, este trajecto. Mas a partir do quilómetro sete dá-me o chamado segundo fôlego. E foi aqui que o Paul Michel foi decisivo. Cada pessoa que avistava dizia: "estás a ver aquela da t-shirt verde? Vamos passá-la!" E passámos. "Estás a ver aquela senhora com a idade da tua mãe? Vamos passá-la!" E passámos. "Estás a ver aqueles dois cheios de músculos que passaram por nós no início? Vamos passá-los!" E passámos. E foi sempre assim até à meta.

Sem ele não conseguiria fazer este tempo. Teria feito melhor, sim. Mas não acredito que tivesse tirado cerca de seis minutos ao meu RP. Gostei de correr com ele e para ele. Porque no fundo eu (também) corri para que ele ficasse orgulhoso de mim.

Ainda me perguntou: "queres tentar fazer abaixo da uma hora?" Ao que rapidamente respondi: "não!" Percebi muito bem as minhas reais capacidades. Sabia que o que já tinha feito tinha sido muito. Senti-me muito orgulhosa e contente comigo e, acima de tudo, recompensada pelo trabalho que fiz nos últimos meses.

Costumo dizer, os meus objectivos são ambiciosos mas vagarosos. Os meus objectivos serão alcançados da mesma maneira como tenho alcançado as minhas metas. Nem depressa nem devagar, ao meu ritmo. E o meu ritmo é o melhor!

Por isso, este corrida Volkswagen serviu para reforçar o meu caminho enquanto corredora. Quero continuar a sê-lo, quero continuar a correr bem, quero trazer mais pessoas para esta vida, porque esta é uma vida boa! É a minha (nova) vida!

Deixo-vos as imagens. Algumas muito especiais (para mim)...




 O azul dominante


Os dois


 A Babe, sozinha, mas a preparar-se para atirar com o telemóvel ao fotógrafo


Felizes!


 Muito felizes


Mesmo felizes! 


The girl in purple skirt 


E as t-shirts, hein?
 

 A equipa RUN BABY RUN contou, pela 1ª vez, com a participação da Isabel. Recebam todos um forte abraço e os parabéns por superarem mais este objectivo.